quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Sobre a mulher, pela mulher - um desabafo

Recentemente, a polêmica (que não deveria ser) sobre a violência contra a mulher e os seus direitos vêm ficando cada vez mais acirrada, principalmente depois do tema da redação do ENEM, neste domingo, e que, na minha opinião, foi excelente, pois envolveu um conteúdo atual, social e de extrema importância, para o mundo inteiro.

Para esclarecer para quem ainda não sabe, pela última vez: feminismo não é sobre queimar sutiãs, dizer que as mulheres são superiores, que elas devem ocupar o lugar dos homens, ou ainda sobre se tornar um homem. Feminismo na verdade é usado para designar a LUTA PELA IGUALDADE DE GÊNEROS, e que envolve a segurança e o bem estar da mulher.

Particularmente, eu nunca gostei do fato de não poder ir passear na praça sozinha, de ter sempre que me preocupar com a postura dos homens em eventos públicos (como festa do peão) ou muito lotados, e de, em muitos casos, precisar estar acompanhada para ir a vários lugares, por que sempre "pode acontecer alguma coisa". Normalmente, coisas que não acontecem com os homens, pelo simples fato de eu ser mulher. No entanto, são coisas que eu preciso fazer, por que envolve, além de mim, uma postura e uma mentalidade da sociedade, e esta, por sua vez, é algo que eu não posso lutar contra, no sentido de acreditar que eu estou isolada desses acontecimentos por pensar diferente.

Pra ser sincera, ter de fazer tudo aquilo é um saco, e nunca ter a completa sensação de segurança, se não estiver acompanhada, por exemplo, é pior ainda, por que logo, e muitas vezes hoje, eu vou precisar realizar aquelas atividades sozinha, muitas mulheres precisam, e não vou poder contar com um acompanhante. Essa é, justamente, uma das lutas embatidas pelo feminismo: poder andar por aí, a noite, e me sentir segura, não me preocupar com estupros, ou com a violência "por ser um sexo mais frágil e atingível", por ser um "alvo", por que na verdade, não somos.

Pra ser mais sincera ainda, cansei de abrir o Facebook e ver opiniões cada vez mais divergentes, ou ridículas, de gente que confunde feminazi com feminismo, que acha que toda feminista é puta, que isso é ideologia de esquerda, de direita, que é fogo de palha, que daqui pouco passa. Na verdade, cansei até mesmo de quem fica postando mil vezes a mesma coisa sobre o feminismo, tendo, toda vez, que esclarecer o significado de cada termo, por que as pessoas usam e entendem isso errado. A partir de agora, PESSOAS QUE LEREM ESSE POST, procurem qualquer informação sobre o vocabulário que forem usar, por que esse assunto TEM QUE SER DISCUTIDO, SIM, mas não com gente desinformada. Não aprenderam ainda? perguntem! Perguntem, se informem, antes de falar qualquer bobagem.

Nunca posto textos assim no Face, mas o que me levou a isso foi um documentário que acabei de assistir, "India's Daughter" (disponível no Netflix) sobre Jyoti Singh, a jovem indiana que em 2012, foi estuprada por seis homens, num ônibus em movimento. Um dos motivos é por que sua Constituição admite a inferioridade da mulher, e que "é errado uma mulher andar na rua depois das 18h30", e que "ela não deve estar acompanhada por alguém do sexo masculino que não seja de sua família, isso não é normal". A princípio, alguns vão pensar, "nossa, graças a Deus que no Brasil não é assim", e foi o que eu pensava, até ouvir a frase que mais nos aproxima da realidade deles: " A MULHER É MUITO MAIS RESPONSÁVEL PELO ESTUPRO DO QUE O HOMEM". Me lembrei na hora de várias pessoas que andaram escrevendo a mesma coisa pelo face, e por isso, acredito que todas as pessoas deviam assistir o documentário, pois são duas realidades, e MENTALIDADES que precisam ser alteradas.

Vivemos hoje, uma CULTURA DO ESTUPRO, que não é combatida pelo medo, e por uma dificuldade em aceitar a igualdade; pela facilidade do uso da força e da submissão.

Hoje, eu "apenas" desejo que mulher não seja julgada, ou estereotipada, que elas tenham poder de escolher sobre a sua roupa ou cabelo, que elas possam ganhar o mesmo que os homens não pelo sexo, mas pela competência, que a mulher que apanha do marido em casa entenda que ela pode mudar isso, que ela acredite em si mesma, que não acate aos padrões de beleza, até mesmo por que isso não existe, quero que ela se sinta, sobretudo, FELIZ, mas infelizmente, para isso, tenho que querer a liberdade que hoje, OS HOMENS têm.

Quero um dia poder levantar as mãos e dizer, com convicção: sou uma mulher, independente, tenho liberdade de escolha, e posso me sentir segura pra sempre! Por que independente do que uma mulher fizer, ELA NÃO É A CULPADA PELO ESTUPRO. Por favor, não confundam estupro com sexo banalizado, já que, como a própria palavra diz, não é apenas sexo, uma vez QUE NÃO FOI CONSENTIDO, e a mulher se sentiu, e foi, violada e exposta.

E pra encerrar, penso que as mulheres TEM SIM que saber fazer tarefas domésticas, e que aliás, TODOS deveriam saber, por uma questão de independência, e para parar de restringir ou submeter uma mulher somente à esse cargo.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Sobre flores e pessoas

"Flores são flores
Vivas num jardim
Pessoas são boas
Já nascem assim
Flores são flores
Colhidas sem dó
Por alguém que ama
E não quer ficar só"
-Cazuza