Se não te cuidares o peito, cuida teu olho absurdo, que teu peito tomba morto, diante de tudo.
Se não te cuidares, cuidado com as armadilhas do ar; qualquer solto som pode dar tudo errado."
Cada um tem um modo de se recuperar, de toda e qualquer dificuldade. Leva tempo, desgaste, e acumula experiência. Viver, é assim.
Não basta ter um encéfalo altamente desenvolvido e um polegar opositor, tenho a teoria de que o que nos torna realmente humanos, é a nossa capacidade de pensar, sentir, e consequentemente se relacionar. As pessoas têm essa necessidade. A relação pode ser desde um objeto muito querido, até um animal ou outra pessoa. Grosso modo, se relacionar com qualquer um dos três só vai ter diferença pela quantidade de sentimento que se coloca em cada um. As pessoas amam. Algumas objetos, outras animais, ou pessoas. O que difere são os valores agregados. Por amar, ninguém está física ou emocionalmente preparado para a perda.
Tudo está bem enquanto permanece.
Como característica, o ser humano é conservador. Tudo continuaria da mesma forma, se não houvesse aquela pequena agulha que incomodasse, ou aquele pequeno acaso que atrapalhasse. A necessidade traz a mudança, e fato é: ninguém está preparado para mudanças. Repaginar, realocar, repensar e planejar. Tudo isso leva tempo e desgaste, mas acumula experiência.
Algumas experiências, porém, desgastam mais do que outras. Quanto mais sentimento, maior a mudança, assim como os outros dois fatores. Quando se perde alguém, e essa pessoa vai embora, em qualquer sentido, precisamos mudar.
Não podemos continuar da forma como éramos, com, ou antes dela. Não há nem a possibilidade de se continuar sendo o mesmo, pois somos marcados. Cada pessoa que aparece em nossa vida deixa marcas, e cabe a nós decidir se esta será boa ou não. Apesar das marcas, não podemos perder aquilo que é verdadeiramente nosso, a nossa essência.
Quando nos envolvemos, compartilhamos experiências, momentos, e estes passam a ser não ser mais só seu, e sim, "nosso". O que eu quero dizer, na verdade, é que costumamos acreditar que enquanto juntos, misturamos o que é nosso, e transformamos e algo que fica compartilhado. Mas preciso afundar este tipo de pensamento, e explicar que mesmo quando dividimos algo, este não deixa de ser nosso. Existem coisas que, por mais divididas que sejam, continuam sendo tipicamente individuais.
Acredito que o objetivo de se conhecer pessoas e conviver com elas seja para evoluirmos.
O ser humano tem essa tendência também, de evoluir, se tornar melhor, aprimorar, lapidar. Mudar, para melhor, sob a necessidade de não se tornar retrógrado, primitivo.
Para concluir, acredito também que toda relação interpessoal é válida, desde que te ensine algo. Que sirva como um bom exemplo, ou que te ensine como "não se fazer". Quando esta termina, cabe a nós avaliar, apesar do sofrimento, o que ficou de bom. Tentar ver o lado positivo, os bons momentos. Acreditar que nada do que foi vivido foi em vão, e que ambas as pessoas ficaram marcadas. Limpar sua consciência com o pensamento de que a sua marca foi positiva.
Este corpo de texto se encaixa para qualquer pessoa que esteja passando por mudanças, desde o endereço até uma grande perda, ou o fim de um relacionamento.
Quando se perde alguém, costumamos dizer que a dor é irreparável, e a princípio é, uma vez que a perda não terá voltas. Momentos são únicos, e as pessoas e suas marcas, também. Contudo, é importante lembrar que a vida continua.
Precisamos sim, de um tempo para a adaptação, um tempo para pensarmos, e pesarmos os pontos positivos e negativos. Precisamos um tempo para exercer nosso direito de ser humano e sentir a dor, e realizar o pensamento, para replanejar, e enfim, seguir em frente. Este tempo varia de acordo com o tamanho do sentimento que colocamos. E este momento é verdadeiramente só nosso.
É sempre fácil falar para quem observa uma perda, e é sempre mais compreensível para quem também já a sentiu. Quem já sentiu, sempre se lembra, lá no fundo, que uma hora ou outra a força que nos faz sobreviver, aparece. A coragem aparece.
Escrevo para as pessoas que acham que estão no fundo do poço, para aquelas que sofrem com as mudanças, e que infelizmente, se esqueceram de que ela é necessária, e o que parece diferente hoje, será a rotina de amanhã, e que em breve, também será reajustada, por que a vida é assim. Ela traz e leva. Escrevo para as pessoas que se encontram na escuridão, mas esqueceram que ainda existe a luz. Escrevo para lembrar que, num processo natural, as pessoas vêm e vão; as perdas aparecem, mas como seres humanos, nos recuperamos, enxergamos a solução e o caminho. Escrevo somente com a única intenção de lembrar que, embora pareça o fim, não é; para lembrar que temos uma essência, e que esta sim, se perdida, não há volta.
Incluo nesse texto o vídeo do músico Eduardo Gudin, que fala sobre mudanças, perdas, separações, mas que lembra o que tentei explicitar ao longo da minha escrita. Ele canta, de forma majestosa e concreta, de que a felicidade é o que amordaça essa dor secular,e o importante, é que a nossa emoção sobreviva.
Mas só se o tempo seguir sem se impor,
Mas só se for, seja lá como for,
O importante é que a nossa emoção sobreviva."
"A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos." - Pablo Picasso
Sou sua fã número 1! Suas contribuições com esse blog são coerentes e plausível! Todas as vezes que leio algo postado nesse blog me traz uma mistura de sentimentos aqui dentro do meu peito, uma vontade de chorar, sorrir e até ficar com raiva. Sei que apesar da sua pouca idade, você é um ser um ser humano capaz de entender as leis e regras desse universo que nos consume a cada dia. Parabenizo-lhe pela sua intelectualidade e seu espírito de justiça e sei que tudo isso provém de algum lugar, pois como diz meu pai, ou melhor nosso pai " uma árvore boa, forte é impossível gerar frutos ruins", por isso gostaria de registrar que você é o nosso orgulho!
ResponderExcluirAdmiro você pela sua gratidão em viver e acreditar que dias melhores virão! Te amo demais! Um super beijo da sua tata��
Eu acho que se você em algum momento ler esse meu comentário, provavelmente vai ficar particularmente surpresa, até porque, imagino que não seja todo dia que um velho conhecido aparece para dizer oi. Mas, a ideia de rascunhar algumas linhas em uma publicação de mais de dez anos é muito divertida.
ResponderExcluirNa verdade, faz tanto tempo que com certeza a Maíra que escreveu esse texto, já não é nem mais a mesma que está lendo essa mensagem. Tenho a impressão que quem escreveu é mais parecida com aquela que carrego na memória, uma menina muito simpática, encantadora, que adorava Bonnes e eventualmente me recomendava umas músicas antigas.
Eu gosto bastante do Paulo César Pinheiro e do Eduardo Gudin e por muito tempo repeti em pensamento que o importante é que nossa emoção sobreviva. Não sei o que essa frase significa para você, mas sempre me deu forças.
Admito que fiquei com inveja de algumas receitas que parecem super gostosas e você postou aqui. No começo do ano eu tive diabetes e embora esteja comendo vários docinhos diet low carb, eu tenho certeza que um bolo de maracujá especial deve ser mil vezes melhor. Se a minha memória não estiver me traindo, em dada aula de química nós tivemos que fazer um doce e gravar um vídeo, depois levamos na escola e você preparou um brownie. Eu não devo ter elogiado na época, mas estava maravilhoso.
Atualmente eu trabalho na Defensoria Pública, com Direito de Família, e eu gosto bastante do que faço, o meu papel é ajudar as pessoas e eu sinto que consigo fazer isso, então fico realizado.
Olhando seu Instagram, nem sei dizer se está no Brasil, mas parece que você fez muita coisa legal. Espero que esteja feliz e realizada, que seu trabalho seja bacana e que esteja rodeada de pessoas que te amam.
Qualquer dia, quem sabe a gente não se encontra e toma um café.
Com carinho, J.J. Neto.